segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Discernimento

Antonio Balestra, A Virtude Defendendo a Educação da Ignorância e do Vício


Ignorância não é não saber ler nem escrever, é não saber discernir. Inteligência não é informação, é saber discernir apesar da informação. E discernimento não é nem cultura nem informação, é percepção sem barreiras, sem condicionamentos, é compreensão instantânea e livre e ilimitada, é a leitura da vida feita com os olhos da alma.

A informação e a (in)cultura actualmente consumidas cegam o indivíduo. Este, já de si algo avesso a ver as coisas com olhos de ver e a exercitar a arte de pensar pelos próprios miolos, deixa-se deslumbrar e atordoar com todo o género de brinquedos, divertimentos e distracções. E de cérebro entontecido e limitado, de mente turvada pela confusão e cheia de raciocínios de segunda mão, de intelecto imbecilizado e cristalizado pela cultivação do disparate, lá ruma ele para onde ruma a turba. E vai cego mas ufano, mecanizado mas contente, morto mas achando-se vivo.
Não sei que espécie de torpor lhe adormece o entendimento. Nem que espécie de embrutecimento lhe rouba a ânsia da auto-exploração e da auto-descoberta. E muito menos sei de onde e porquê lhe vem aquele impulso idiota de achar que conhece os outros, de se permitir avaliá-los, criticá-los, julgá-los. Pois se nem a si próprio se conhece sequer!
Hoje em dia não se tem a humildade de se ter uma opinião. A opinião, que outrora era apenas um modo de ver pessoal, individual, e que servia para que, por meio da modéstia, da partilha e do verdadeiro saber ver e ouvir, da discussão sensata nascesse a luz, hoje, pela ignorância e pela soberba, sabe-se lá por que artes do demo, nasce já uma certeza com um séquito de néscios acometidos de indolência mental. E ei-los que acerrimamente defendem a idiotice que outro pensou. E em todo este processo, nem uma vez, alguém, questiona alguma coisa!
Enquanto a ignorância e a estupidez, a arrogância e a empáfia, a superficialidade e a idiotia proliferam e alastram, o discernimento, a verdadeira inteligência, vai-se tornando, pela sua escassez, um tesouro a preservar!

2 comentários:

  1. Praticamente todos os meus erros no passado foram causados pela falta de discernimento. Hoje sou a fã mais ardorosa dessa virtude!!!
    Abraços, Isabel, boa semana a ti!

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  2. É, estimada Sónia, se houvessem bem mais fãs do discernimento, provavelmente o mundo seria um lugar bem melhor!
    Abraço grande e desejos de um óptimo resto de semana!

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